30 de ago. de 2011

Luiza Mariani em "Você Precisa Saber de Mim"






Atualmente, Luiza Mariani divide o palco com os atores Alexandre Nero e Gisele Fróes na peça que ela mesmo produziu e idealizou "Você Precisa Saber de Mim", em cartaz no Rio de Janeiro. O argumento original é da própria Luiza e a direção é de Jefferson Miranda. Não se engane com a aparente beleza de Mariani, ela é bem mais do que isso, têm muita inteligencia e conteúdo, talvez por isso não atue tanto em novelas e prefira o teatro.


O Argumento da Peça: Em uma história íntima sobre universos particulares, o homem encontra cartas deixadas por sua bisavó. Revezando tempos, espaços e lacunas, os protagonistas tecem memórias de uma árvore genealógica. A peça é como se fosse uma espécie de inventário dos habitantes, a partir da gestação de cada um, observando a extraordinária força da presença materna ao longo de gerações.









Filme: Cópia Fiel de Abbas Kiarostami



 Juliette Binoche como Mona Lisa de Kiarostami


Se a qualidade de uma obra de arte depende do contexto e está nos olhos de quem a vê, argumenta o escritor inglês James Miller (William Shimell) no começo de Cópia Fiel(Copie Conforme, 2010), então uma falsificação pode ter a mesma validade do original. É como a imagem da Coca-Cola reinventada pela pop art, diz ele, que está na Toscana para divulgar o seu livro, intitulado justamenteCópia Fiel.


Em seu primeiro filme rodado fora do Irã, o mais importante cineasta do país, Abbas Kiarostami, parte desse princípio de Miller para legitimar a sua homenagem a Viagem à Itália. Como no clássico de 1954 de Roberto Rosselini, temos o que normalmente seria uma pequena questão burguesa - os problemas de relacionamento de um casal - amplificada pela concha acústica que é a história da arte europeia. Uma obra depende de seu contexto: entre os muros da Itália, as pequenezas da vida a dois se tornam material de um drama maior.


Kiarostami diz que cada um deve interpretar a obra como quiser, mas é inegável que duas obsessões de sua cinematografia iraniana seguem preservadas aqui: as mulheres e o tempo. Em filmes como Gosto de Cereja(1997), a obra que transformou Kiarostami em grife e o cinema iraniano em moda, percebe-se mesmo no mais seco monte de terra o acúmulo do tempo. O tempo, inscrito na paisagem, é que molda os homens. Mas com as mulheres é diferente. Elas vivem no Irã em uma espécie de estado de suspensão, numa semiclandestinidade, e sobre elas o tempo não parece agir. É uma condição trágica, no fundo, e Kiarostami tem passado anos fazendo filmes com close-ups de mulheres para tentar socorrê-las.


E se o diretor apega-se ao close-up de Juliette Binoche, que nunca esteve tão bonita e tão vulnerável, é para entender por que tanto sorri essa sua Mona Lisa.

* Marcelo Hessel - Omelete







È permitido fumar...Juliette Gréco