" A solidão sufocante do escafandro e a dádiva da liberdade de uma borboleta, tudo isso através do olho esquerdo de Jean-Dominic Bauby, essa visão que ele compartilhou em seu livro o cineasta Julian Schnabel filmou sem interferências abruptas na história real "
Editor da revista Elle francesa, Bauby sofreu um derrame cerebral e perdeu sua locomoção. Tirava seu sustento do mundo das aparências e de uma hora para outra seu corpo se tornou um constrangimento. Dentro desse "escafandro", Bauby raciocinava normalmente, mas precisou aprender a se comunicar com o mundo de forma restrita. Mais exatamente, com o olho esquerdo. Piscar uma vez é "sim", duas vezes é "não".
Ético não só na forma como nos aproximamos de Bauby, mas também dos seus familiares. A importância do toque perdido entre pai e filho, implícita na cena desta primeira foto ao lado. O momento de vazio em que o pai precisa aguardar silencioso no telefone as piscadelas traduzidas por uma enfermeira... A sensibilidade com que O Escafandro e a Borboleta trata todas as pessoas atingidas pela tragédia é bastante tocante. E não é uma emoção fácil, mas trabalhada, dura por vezes, como na hora em que a ex-esposa precisa servir de intérprete no telefone às confissões da namorada de Bauby.
É um filme francamente mais poético e menos choroso do que seus pares de gênero, mas quem não gosta de direção pesada pode se incomodar com a obra de Schnabel.
Já quem se conforta com demonstrações abertas de estilo - e é evidente a evolução do cineasta como esteta de cinema espetaculoso - pode até reconhecer que O Escafandro e a Borboleta é um filme sem igual.
* Omelete- Marcelo Hessel
O verdadeiro Jean-Dominic Bauby transformando a suas piscadas com o olho esquerdo no livro "O Escafandro e a Borboleta"
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