1 de out. de 2011

Projeto Comparações: Brilho de uma Paixão



É fã de amores puros, castos e impossíveis? Esqueça Crepúsculo e vá de John Keats.


























Trata-se da "história real" da relação do poeta John Keats  com a bela Fanny Brawne . Vizinhos, eles se encontram regularmente em chás, jantares e tardes ociosas. Keats começa a ser publicado, mas ainda está longe de ser reconhecido um dos grandes poetas românticos do país. 

Todo o conflito central de Brilho de uma Paixão se dá - depois que os dois se apaixonam - pelo fato de Keats não ter renda fixa para propor Fanny em casamento. Campion filma a roda de flertes sem medo: há muita polidez na forma como as pessoas se dirigem umas às outras, mas há também muita insinuação.

Os tecidos finos que Fanny manipula na sua costura rotineira são uma bela alegoria desse equilíbrio delicado: cobrem de leve a pele, cada ponto de linha cuidadosamente pensado, mas é só bater um vento, um desejo, para vê-los voar.

A esse simbolismo, a diretora adiciona os dois elementos fundamentais do romance de perdição pré-vitoriano: o texto rebuscado e o arrebatamento visual. As paisagens do interior da Inglaterra e os versos de Keats formam uma dupla potente.


Brilho de uma Paixão não revoluciona o gênero - pelo contrário, trata com respeito suas regras - mas pode ser uma porta de entrada interessante para a nova geração que o desconhece. Fãs Crepúsculo, por exemplo (olha a heresia), podem se identificar com o amor que se manifesta não de um jeito abertamente carnal, mas por rimas. A paixão proibida de Keats e Fanny é, acima de tudo, "uma luta para se expressar".
Aliás, a defesa que a diretora do filme Jane Campion faz  da castidade é de botar Stephenie Meyer no chinelo. Em comparação com CrepúsculoBrilho de uma Paixão não só é melhor cinema, como também melhor literatura.

* Omelete



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