27 de out. de 2011

Poucas Cinzas: Salvador Dalí e Garcia Lorca






Robert Pattinson, muito desajeitado tentando interpretar a caricata e complicada figura de Dalí.




Em 1922, Madri se vê em plena revolução cultural por conta das mudanças de valores provocadas pelo jazz, as ideias de Freud e a avant-garde. Nesse mesmo ano, aos 18 anos, Salvador Dalí (Robert Pattinson) entra para a faculdade determinado em se tornar um grande artista. Sua incomum mistura de timidez e exibicionismo faz com que a elite social da universidade volte suas atenções ao jovem estudante, como Frederico Lorca (Javier Beltran) e Luis Buñuel (Matthew McNulty).

 O filme acompanha a relação travada entre esses tão importantes artistas contemporâneos. Mas a sensibilidade do filme está na difícil descoberta da homossexualidade que Lorca e Dalí passam, já que havia neles ainda apesar de toda modernidade chegando, e velha e consevadora, "culpa católica".
Essa culpa temerosa, fez com que Lorca e Dalí se afastassem, e foi ai que cada um seguiu e encontrou o seu caminho nas artes e na vida política. Salvador Dalí foi para Paris com o aspirante á cineasta Luis Buñuel em busca de modernidade e querendo se afastar da sombra pacata da Espanha, ambos não queriam ter envolvimento social com a ditadura e as questões políticas e sociais que o país passava naquela época, decidiram se juntar com os "artistas" que estavam mais preocupados com suas obras, e quanto elas iam lhe render em dinheiro.
Num caminho mais corajoso, patriótico e inverso ao de Dalí e Buñuel, Federico Garcia Lorca ficou na Espanha, mesmo com todas as dificuldades e com toda opressão artística e liberal daquele velho país. Virou o poeta que escrevia do povo e para o povo e se tornou um artista que vivia em função das questões sociais, tentando ajudar o seu povo. Infelizmente, Garcia Lorca não tinha medo do regime ditatorial de Franco, e foi nessa coragem que ele se perdeu e foi pego pelos militares e morto covardemente.

O filme se passa neste enredo de romance e diferenças artísticas dos dois. Robert Pattinson foi uma escolha muito ruim para o papel de Dalí, já que ele ainda está muito estigmatizado como vampiro. Ele ainda não conseguiu tirar a sombra do crepúsculo, e aparece no filme com uma atuação muito duvidosa e muito fraca, já de Dalí tinha uma carga dramática muito forte. O roteiro também deixa um pouco a desejar e parece meio confuso, já que aborda muitos temas, mas não consegue se aprofundar em nenhum, deixando o texto vazio e ralo. A história desses dois artistas espanhóis por si só é muito instigante e curiosa, mas o filme não conseguiu fazer jus á união entre Dalí e Lorca.
Mas como conhecimento artístico e para atiçar a curiosidade, vale á pena assistir o filme.


Nessa época de ditadura e conservadorismo na Espanha, os "maricóns" como eram chamados, sofriam perseguições que muitas vezes chegavam a violência e á morte.






Garcia Lorca no seu quarto de faculdade, e na parde um quadro emoldurado do seu mais novo amigo e paixão Salvador Dalí, o surrealista.


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